Payroll de Março inverte apostas para o primeiro corte de juros I Panorama Semanal

As expectativas em torno do primeiro corte de juros foram impactadas pelo Payroll de março e os discursos dos membros do FOMC. A volatilidade e as incertezas dominam o Panorama Semanal de hoje, então acompanhe para ficar por dentro das tendências do mercado!

A semana passada foi crucial para o mercado, que agora parece aceitar que o primeiro corte de juros do atual ciclo nos EUA não ocorrerá na reunião de junho. O Payroll de março, divulgado na sexta-feira, foi o catalisador dessa mudança de perspectiva, mas os indícios de uma reversão começaram a surgir ao longo da semana. Vamos recapitular os eventos.

Na segunda-feira, o PMI industrial dos EUA foi divulgado, revelando um crescimento na atividade industrial. Na terça-feira, vários membros do FOMC proferiram discursos firmes, expressando desconforto com o ritmo atual da queda da inflação, que está progredindo lentamente em direção à meta de 2%. Eles também destacaram a resiliência e a força da economia americana, o que pode dificultar a redução da inflação. Alguns membros até mesmo levantaram a possibilidade de o FED não realizar nenhum corte de juros este ano. Toda essa postura pessimista ocorreu ainda na terça-feira!

O restante da semana foi crucial para consolidar esse cenário. Na quarta-feira, o PMI de serviços também indicou crescimento econômico, enquanto um discurso do presidente do Banco Central dos EUA, Jerome Powell, ecoou as mesmas preocupações expressas pelos colegas do FED. Além disso, tivemos o relatório ADP de março, considerado uma prévia do Payroll, que superou as expectativas, elevando a expectativa de um Payroll robusto.

Na sexta-feira, confirmou-se o cenário previsto, com um Payroll muito acima do esperado. Enquanto se projetava a criação de 212 mil novos empregos, foram, na verdade, criados 303 mil, quase metade a mais do que o previsto.

Embora o mercado já estivesse se ajustando a essa possibilidade ao longo da semana, foi após o Payroll que as apostas se inverteram. As probabilidades no CME agora indicam 47% de chances de um corte em junho e 51% de chances de manutenção da taxa. No entanto, a volatilidade persiste e as incertezas continuam.

Na segunda-feira, enquanto finalizo este panorama, as probabilidades mudaram novamente! Agora, temos 51,2% de chances de um corte em junho e 47,7% de chances de manutenção da taxa. Estamos claramente em cima do muro, o que trará muita volatilidade nos próximos dias, não apenas devido à indecisão sobre o primeiro corte em junho, mas também em relação ao número de cortes esperados para este ano. A expectativa é de três cortes nas taxas de juros americanas até dezembro.

E para esta semana…

A semana se apresenta robusta, com uma série de indicadores. Na quarta-feira, teremos dados de inflação divulgados pela China, EUA e Brasil. Na quinta-feira, será anunciada a decisão de juros do BCE e teremos o índice de preços ao produtor (PPI) americano. Na sexta-feira, dará início a temporada de balanços nos EUA. Outro ponto importante para observar são os conflitos no Oriente Médio. Apesar de estarmos nos aproximando de uma trégua em Gaza, na semana passada, alguns dos principais comandantes iranianos foram executados pelo exército de Israel, conforme relatado por um alto funcionário do governo à CNN. Os EUA estão se preparando para um possível ataque do Irã esta semana e, caso ocorra, isso poderá causar estresse nos mercados. Vamos ficar atentos.

Análise do Ouro

O contrato de ouro XAUUSD atingiu nossa meta estabelecida durante a transmissão ao vivo da sexta-feira, determinada pela expansão de Fibonacci. No momento, está formando um candle de indecisão (harami) no gráfico diário, o que pode indicar uma reversão. Para quem procura posicionar-se vendido, colocar um stop acima da máxima parece interessante, enquanto para quem busca a posição comprada, o ideal seria aguardar o rompimento da máxima.

Análise do Euro/Dólar

O par EURUSD respeitou o suporte delineado no último panorama, retornando à negociação entre as médias móveis. Atualmente, encontra-se em um período de consolidação, com as médias móveis quase sobrepostas, indicando falta de tendência. Nesse cenário, o ideal é aguardar os indicadores da semana para buscar uma direção clara.

Artigo por Marcos Praça, Analista ZERO Markets

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