Neste artigo, analisamos como diferentes tipos de ativos estão sinalizando mudanças na economia global. A recente queda nas ações aponta para uma desaceleração econômica, enquanto o fortalecimento do mercado de títulos sugere expectativas de inflação mais baixa e taxas de juros em declínio. Por outro lado, a alta no preço do ouro indica preocupações persistentes sobre a inflação. Além disso, a estagnação do Bitcoin reflete a ausência de grandes estímulos econômicos no horizonte. Junte-se a nós para entender como esses sinais podem impactar seus investimentos e decisões financeiras.
A recente queda nas ações sugere uma desaceleração econômica e um aumento do desemprego. O fortalecimento no mercado de títulos confirma essa previsão, indicando que a inflação e as taxas de juros podem estar em queda. No entanto, a alta no preço do ouro sugere que a inflação pode não recuar tanto quanto esperado. Por sua vez, a desaceleração do Bitcoin indica que grandes estímulos econômicos, como o afrouxamento quantitativo, ainda estão distantes.
O lendário investidor Bernard Baruch afirmou: “Mostre-me o gráfico e eu te direi as notícias”. Essa citação, que perdura por mais de um século, continua relevante. A sabedoria coletiva dos mercados tende a revelar o que está por vir na economia, e não o contrário. Assim, é fundamental analisar ações, títulos, ouro e Bitcoin para compreender o que os preços desses ativos estão sinalizando no momento.
1) Ações
O mercado de ações pode até se recuperar, mas, no momento, encontra-se sob pressão. O índice S&P 500, que abrange as 500 maiores empresas dos Estados Unidos, aparenta ter perdido força. Um ponto de atenção é o Índice de Força Relativa (RSI), que está exibindo o segundo pico mais baixo do ano.
O RSI, baseado nas oscilações semanais dos preços, indica que as perdas estão superando os ganhos durante as semanas de queda. Esse indicador varia entre zero (domínio dos vendedores) e 100 (domínio dos compradores), sendo calculado com base nos últimos 14 dias. A queda do RSI, que ultrapassou a zona de sobrecompra pela terceira vez, sugere que os compradores estão perdendo força.
Com as ações enfrentando dificuldades, o mercado parece estar se preparando para uma queda nos lucros das empresas, o que geralmente se associa a um crescimento econômico mais fraco e a um mercado de trabalho deteriorado. Historicamente, as empresas tendem a demitir em tempos difíceis.
2) Títulos
Dizem que o mercado de títulos nunca erra, e os gráficos atuais indicam que ele está ganhando força.
Enquanto o Índice de Força Relativa (RSI) das ações está em queda, o RSI dos títulos do Tesouro apresenta uma tendência de alta, sinalizando que os vendedores estão perdendo controle no mercado de títulos.
A recuperação no mercado de títulos sugere que os investidores estão se tornando mais cautelosos, migrando para ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro. Essa movimentação é comum em períodos de expectativa de desaceleração econômica ou até mesmo recessão.
Por outro lado, a boa notícia é que os títulos costumam apresentar um desempenho superior quando há previsão de queda na inflação. Isso pode proporcionar ao Federal Reserve maior margem para reduzir as taxas de juros no futuro, o que ajudaria a sustentar a economia e o mercado de trabalho.
3) Ouro
O ouro apresentou uma forte valorização este ano, exibindo uma clara tendência de alta. Embora a recente elevação dos preços possa parecer um tanto exagerada, com sinais de indecisão entre os investidores, a tendência geral continua sendo de valorização.
Um ditado comum em Wall Street diz: “Compre ouro e torça para que ele não suba”. Infelizmente, essa é exatamente a situação atual. A alta do ouro sugere que os investidores ainda estão se posicionando para enfrentar uma inflação moderada, em vez de esperar por uma queda acentuada nos preços.
4) Bitcoin
Por fim, o Bitcoin não tem apresentado um desempenho satisfatório recentemente. Nos últimos seis meses, ele se manteve em uma faixa lateral ou em queda, sem sinais claros de recuperação.
O comportamento errático do Bitcoin sugere que grandes pacotes de estímulo econômico, como o afrouxamento quantitativo, estão distantes de se concretizar. O Federal Reserve mantém sua taxa de juros acima de 5%, e medidas como a “impressão de dinheiro” costumam ser adotadas apenas em momentos de extrema necessidade, quando as taxas estão próximas de zero. Portanto, mesmo que a economia desacelere, como indicam os mercados de ações e títulos, o Fed ainda possui considerável margem para estimular a economia sem recorrer a medidas radicais.
Conclusão
Ao juntar todas as peças, o mercado parece antecipar uma desaceleração econômica e um aumento do desemprego nos próximos meses. A inflação deve cair, conforme indicam os sinais do mercado de títulos, mas não de forma drástica, segundo o desempenho do ouro. As taxas de juros devem continuar em queda para sustentar a economia. Contudo, não há indícios de que o banco central adotará medidas extremas de estímulo, a menos que o Bitcoin comece a mostrar sinais de revitalização.
Artigo por Marcos Praça, Analista ZERO Markets
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