Inflação desacelera e mercado aposta em fim do ciclo de juros.

Desde a desaceleração da inflação nos EUA até as mudanças nas tendências do ouro e do EURUSD, examinaremos as implicações para investidores e as estratégias a considerar diante dessas evoluções. Com insights detalhados, abordaremos o fim do ciclo de juros nos EUA, a cautela em relação ao ouro em meio à volatilidade e as perspectivas para o par de moedas EURUSD.

Chegamos lá! Basta olhar para qualquer gráfico de hoje que dá para ver que alcançamos o ápice do ciclo econômico. Já perdi a conta de quantas vezes caímos em um alarme falso este ano, onde parecia que a inflação ia ceder, e não cedia.

Pois bem, na semana passada, logo após um Payroll fraco, tivemos os resultados do CPI e do PPI de outubro, dois dos principais indicadores de inflação americana. Ambos vieram abaixo do esperado, bem abaixo, quase uma deflação inclusive. E não para por aí, na quinta-feira tivemos os números dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA, que estão aumentando a cada semana.

Vamos ligar os pontos. Payroll (contratação) fraca, pedidos de seguro-desemprego subindo; isso representa uma piora geral no mercado de trabalho. Inflação, tanto do consumidor quanto do produtor, caindo, representando uma maior dificuldade das empresas em repassar novos aumentos.

Essa combinação de fatores levou o mercado a se antecipar e declarar o fim do ciclo de juros nos EUA, aumentando sua exposição em ativos de risco e desvalorizando o dólar. Claro que os membros do FED não dariam o braço a torcer, encerrando a semana dizendo que a inflação ainda está muito acima da meta e que novas altas nos juros ainda não estão descartadas. Mas o mercado ignorou, afinal, todos querem se posicionar nos melhores preços antes da próxima bull run, não é mesmo?

Esse, sem dúvida, é o momento mais aguardado dos últimos dois anos. Eu sinceramente imaginava que o gatilho seria dado por um discurso do Powell, e provavelmente todos pensavam o mesmo. No entanto, como o discurso não veio, os números falaram por si, ou melhor, gritaram.

Apesar da superalta, venho lembrar a todos que também é um momento de cautela. Esse tipo de cenário envolve muita euforia, e eu diria que boa parte do movimento é pura especulação. As taxas ainda não caíram e podem demorar a cair; a expectativa é para o segundo semestre do ano que vem. Até lá, há muitos indicadores, conflitos, eleições e demais fatores que podem impedir a continuidade do movimento de alta.

Para esta semana, temos uma agenda fraca seguida de feriado nos EUA na quinta-feira e pregão reduzido na sexta-feira. Sendo assim, teremos pouca liquidez na semana. É uma semana ideal para relaxar, não se preocupar muito com a agenda econômica e aproveitar o bom e velho trade raiz, com alta volatilidade e pouca interferência externa.

Análise do Ouro.

O contrato de Ouro XAUUSD subiu na última semana, acompanhando a forte baixa do dólar americano. Claramente, vemos que não foi um movimento proporcional, visto que o dólar desvalorizou muito mais do que o ouro se valorizou. Isso deixa claro que, apesar da desvalorização do dólar, o fluxo não está indo para o ouro, que é um ativo defensivo, e no momento a busca é por ativos de risco.

A tendência é que o preço caia no momento em que o dólar americano corrigir a forte baixa. Não vou deixar recomendações para ouro esta semana, pois não espero grandes movimentações, uma vez que tanto ele quanto o dólar americano estão perdendo força.

Análise do EUR/USD.

O par EUR/USD se valorizou fortemente após os dados de inflação americana. No último panorama, sugeri uma ordem de compra acima da média móvel de 200 períodos do gráfico diário e uma de venda abaixo da média móvel de 50. A ideia era não apostar no resultado da inflação, mas surfar ambos os resultados. Após surfar o movimento de alta, o ativo corrigiu até a primeira retração de Fibo, voltando a subir nesta segunda-feira, formando a figura gráfica “mastro bandeira”. Estamos em cima de um ponto de resistência e, após uma subida tão acentuada, fica difícil pensar em compra apesar da forte tendência de alta. Sugiro posições de venda, com lotes menores por conta da volatilidade, tendo como resistência mais forte o número redondo U$1.10.

Artigo por Marcos Praça, Analista ZERO Markets

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