Como se preparar para a próxima crise econômica: 5 lições de 2008

No atual cenário econômico otimista, é fácil ceder ao conforto da estabilidade, mas a história nos lembra que a complacência pode ser perigosa. Neste artigo, exploraremos cinco lições cruciais extraídas da crise financeira de 2008, revelando insights valiosos para enfrentar as incertezas presentes. Desde a fragilidade dos balanços dos consumidores até a importância do crédito disponível e os impactos da psicologia humana, examinaremos como esses aspectos subestimados moldaram o passado e ainda oferecem orientações vitais para proteger nossos investimentos e finanças pessoais no futuro.

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Como se preparar para uma crise?

Durante a maior parte de 2008, tudo parecia estar fluindo bem. A economia estava em crescimento, as pessoas estavam otimistas, o mercado de ações estava em alta, e os economistas descartavam a ideia de uma possível recessão. No entanto, rapidamente as coisas mudaram, e a crise financeira global atingiu os mercados e a economia em um piscar de olhos.

Atualmente, podemos dizer que estamos em uma situação mais favorável, mas a história nos adverte para não negligenciarmos as lições do passado, mesmo nos momentos de otimismo.

A economia dos EUA está robusta agora, correto?

Parece que sim. Poucos esperavam que o Federal Reserve iniciasse um ciclo tão agressivo de aumentos nas taxas de juros, e mesmo assim a economia reagiu como se fosse algo trivial, com pouco impacto no emprego ou no crescimento econômico. Essa resiliência se deve, em parte, ao financiamento de baixo custo que as empresas americanas conseguiram durante a pandemia, agora aproveitando um período de alta produtividade. Além disso, os estímulos fiscais maciços do governo, as injeções de capital da Fed no sistema financeiro e a escassez de moradias e mão de obra (mantendo os mercados de habitação e emprego robustos) também contribuíram. No entanto, os verdadeiros impulsionadores foram os consumidores, cujos gastos incansáveis permitiram que as empresas aumentassem os preços sem perder vendas, impulsionando seus lucros.

Os investidores nos EUA têm motivos para comemorar: um mercado imobiliário forte, um mercado de trabalho vibrante e um mercado de ações em ascensão levaram a riqueza dos americanos a níveis recordes. Além disso, os consumidores conseguiram poupar consideravelmente durante os períodos de confinamento devido à Covid-19, e agora, com uma leve ressaca pandêmica e o desejo por experiências perdidas, estão aumentando seus gastos.

Parece incrível. Então, qual é a ressalva? Não há nada de errado com as perspectivas econômicas em si. A questão é não se deixar levar pelo otimismo cego. Basta olhar para 2007 para sentir uma vibração semelhante, justo antes do desmoronamento financeiro.

Portanto, vamos examinar cinco aspectos que os especialistas subestimaram pouco antes da crise financeira global virar o mundo de cabeça para baixo.

1 – Subestimaram o potencial de deterioração dos balanços dos consumidores.

Antes de 2008, todos pensavam que os balanços familiares estavam estáveis (assim como hoje). Embora as pessoas estivessem se endividando bastante, o aumento dos valores das casas e das ações dava a impressão de que todos estavam financeiramente bem. Os empregos eram abundantes, os salários estavam subindo. Era uma época próspera. O problema é que, quando estamos em um período de alta nos ativos e gastando dinheiro, conhecido como efeito riqueza, podemos nos prejudicar rapidamente. Foi o que aconteceu. Quando os preços das casas e das ações começaram a cair, o consumo também despencou, prejudicando os resultados financeiros das empresas, levando a demissões e mais dificuldades para os consumidores.

Isso evidenciou uma verdade dura: os momentos difíceis podem afetar mais os gastos do que os momentos prósperos podem impulsioná-los. Agora, voltando ao presente, a dívida dos consumidores não parece excessivamente irresponsável e ainda há uma reserva razoável, graças às economias durante a pandemia. No entanto, não devemos ficar muito confortáveis. Um aumento no desemprego, uma retomada da inflação, novos aumentos nas taxas de juros ou uma correção no mercado podem mudar rapidamente as coisas. Na verdade, os sinais de alerta já estão soando: a confiança dos consumidores permanece baixa e houve um aumento nos atrasos nos pagamentos de cartões de crédito e empréstimos para automóveis entre os consumidores menos favorecidos, indicando que nem todos estão em uma boa situação.

2 – Subestimaram a importância do crédito disponível.

A rápida mudança na saúde financeira dos consumidores desempenhou um papel significativo na crise, mas para o Federal Reserve dos EUA, o maior problema foi a perturbação na disponibilidade de crédito. A crise de crédito. Veja bem, o crédito é o combustível que mantém o motor econômico funcionando suavemente, sem ele, os consumidores não podem adquirir itens caros como carros ou casas, e as empresas não podem expandir, abastecer estoques ou mesmo cobrir custos operacionais básicos. Assim, quando o pânico se instaurou em 2008 e as linhas de crédito secaram, empresas e pessoas comuns ficaram em uma situação difícil, forçadas a ajustar planos ou vender ativos a preços baixos.

É claro que o sistema financeiro possui algumas salvaguardas agora, mas as vulnerabilidades persistem. Os pequenos bancos regionais, aqueles que apoiam as pequenas empresas, a espinha dorsal da economia americana, estão enfrentando dificuldades, especialmente com a oscilação no mercado imobiliário comercial e empresas enfrentando dificuldades para pagar empréstimos mais caros. Além disso, não se pode confiar inteiramente nos provedores de crédito privados, os novos atores do mercado, para socorrer quando a situação ficar difícil. Eles também podem enfrentar desafios próprios. Isso é preocupante, outra restrição de crédito pode prejudicar nosso consumo e crescimento. E, claro, pode não chegar a esse ponto, mas quanto mais tempo as taxas de juros permanecerem altas, maior será o risco.

3 – Subestimaram o efeito dominó.

Imagine a economia como uma fileira de dominós. Quando um cai, há uma reação em cadeia. Quando os preços dos ativos caem, as consequências vão muito além dos números em uma tela. As pessoas veem sua riqueza diminuir e fecham suas carteiras. Com menos gastos, as empresas sentem a pressão. Com a queda nas vendas, algumas empresas começam a demitir. Essa perda de emprego reduz ainda mais os gastos, o que pode diminuir ainda mais os preços e continuar o ciclo. É um ciclo de feedback frenético, onde as coisas podem escalar rapidamente.

E pode ficar ainda pior. A interconexão entre as instituições financeiras cria uma rede onde a agonia em uma área pode se espalhar rapidamente para outras, amplificando o impacto inicial. Isso ficou evidente em 2008, quando os problemas começaram no mercado hipotecário subprime e se espalharam pelo sistema financeiro global. É por isso que estou um pouco preocupado com o aumento nos atrasos nos pagamentos de cartão de crédito entre os menos favorecidos. Esses atrasos levaram os pequenos bancos a restringir o crédito e aumentar as taxas de juros, o que poderia gerar mais atrasos entre os consumidores mais saudáveis e se espalhar pelo sistema de forma mais ampla. Não estamos necessariamente caminhando para um desastre, mas esses sinais são um lembrete para agirmos com cuidado e estarmos atentos às quedas dos dominós.

4 – Subestimaram o impacto da psicologia humana.

Os modelos econômicos tradicionais são baseados na suposição de comportamento racional. No entanto, as pessoas nem sempre agem de forma racional. Impulsionadas pelos altos preços dos ativos, as pessoas agiram com excesso de confiança e seguiam o rebanho no final dos anos 2000, assumindo hipotecas maciças e fazendo apostas arriscadas sem avaliar os perigos. Não se tratava apenas de ignorar os detalhes finos, eram os pontos cegos comportamentais que as levavam a acreditar que os tempos bons durariam para sempre. Quando a realidade se impôs, o otimismo se transformou em medo e pânico, levando as pessoas e as instituições a vender ativos rapidamente e retirar fundos. Essa retirada em massa não apenas reduziu ainda mais os preços dos ativos, mas também causou uma grave crise de liquidez, com a demanda por dinheiro disparando e a disposição para emprestar ou investir diminuindo. A turbulência financeira se aprofundou. Vimos uma situação semelhante acontecer em menor escala no ano passado com o banco Silicon Valley Bank (SVB), à medida que a confiança desapareceu rapidamente, provando mais uma vez como nossos preconceitos humanos podem transformar o nervosismo do mercado em uma crise completa, muito mais rápido do que os modelos racionais poderiam prever.

5 – Presumiram saber mais do que sabiam.

Um dos erros críticos que levaram à crise financeira global foi a superestimação do entendimento das pessoas sobre a dinâmica do mercado. Muitos modelos econômicos se baseiam em suposições lineares, mas as economias são não lineares, especialmente sob pressão. Isso significa que pequenas mudanças em uma parte da economia podem ter efeitos desproporcionais em outras áreas, um fenômeno difícil de prever com precisão.

As economias são sistemas complexos adaptativos influenciados por inúmeras variáveis. Não são apenas os “conhecimentos desconhecidos” (como o que o Fed fará em seguida ou quão altas as taxas de juros podem subir), mas também os “desconhecidos desconhecidos” (como a crise do SVB que pareceu surgir do nada) que tornam a previsão extremamente difícil.

Além disso, os dados econômicos podem ter atrasos, peculiaridades e limitações (por exemplo, dados agregados podem mascarar discrepâncias subjacentes), e muitos deles são piores do que o normal, devido à pandemia. Portanto, embora pareça que os consumidores estão bem e a economia está indo bem, devemos lembrar que pode haver aspectos não visíveis à primeira vista. Os investidores sempre esperam uma “aterrissagem suave” da economia, sem recessão, antes de uma “aterrissagem forçada” que pode levar à recessão.

O que podemos aprender com tudo isso?

Embora o clima econômico seja positivo, devemos manter um olhar crítico. Ao abraçar as lições do passado, podemos navegar melhor pelas incertezas econômicas atuais. Reconhecer os potenciais gatilhos, manter uma visão equilibrada da resiliência dos consumidores, compreender a interconexão dos fatores econômicos e respeitar o poder do sentimento dos investidores são passos fundamentais para evitar erros anteriores. Os indicadores econômicos podem estar favoráveis, mas a história nos ensina a olhar além da superfície e lembrar que as coisas podem mudar mais rapidamente do que imaginamos.


Artigo por Marcos Praça, Analista ZERO Markets

Atenção: A opinião do analista Marcos Praça, CNPI-T 4199, é de responsabilidade exclusiva do autor e não representa necessariamente a opinião da ZERO Markets. Aviso de Risco: As informações fornecidas neste vídeo são de natureza geral com o propósito de educar. Estas informações não constituem aconselhamento de investimentos de forma alguma, nem têm qualquer relação com os objetivos de investimentos específico, situação financeira ou necessidades individuais de qualquer pessoa em particular que os receba. Invista com Responsabilidade: Investir no mercado financeiro apresenta um risco elevado e pode não ser adequado para todos os investidores. A corretora ZERO Markets não aceita aplicação de residentes de países ou jurisdições nas quais o uso e distribuição viole as leis e regulamentos locais.






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