As tensões no Oriente Médio têm despertado preocupações nos mercados financeiros globais devido ao recente aumento das hostilidades entre Israel e o Irã. Este cenário teve um impacto significativo nos ativos, incluindo o Bitcoin, que registrou uma queda após o Irã ameaçar retaliar um ataque de Israel. No entanto, apesar das tensões, as bolsas de valores permaneceram relativamente estáveis, impulsionadas pela eficácia das defesas de Israel e pela postura cautelosa dos Estados Unidos.
O último final de semana foi marcado por tensões crescentes no Oriente Médio, com um ataque sem precedentes do Irã, deixando o mundo em estado de alerta. Antes de adentrarmos a esse tema, é crucial revisar os números da semana anterior.
A semana precedente teve início com a sombra da inflação pairando sobre as expectativas positivas. O sentimento de que as coisas não estavam correndo bem persistia, especialmente após um relatório de folha de pagamento (payroll) muito acima do esperado, alimentando a incerteza até os dados de inflação da semana subsequente. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de março superou as projeções, marcando o terceiro mês consecutivo com inflação acima do previsto pelos analistas, influenciando diretamente o mercado e eliminando as chances de o Federal Reserve (FED) iniciar cortes de juros em junho. Apesar do Índice de Preços ao Produtor (PPI), outro indicador de inflação divulgado no dia seguinte, ter ficado ligeiramente abaixo das expectativas, não foi suficiente para mudar a perspectiva do mercado, que já delineou um novo cenário.
As apostas na Chicago Mercantile Exchange (CME), que refletem o sentimento do mercado em relação aos próximos ajustes na taxa de juros americana, atualmente indicam uma probabilidade de 80% de que a taxa será mantida na reunião de junho, ou seja, não se espera mudança alguma. Curiosamente, ao invés de direcionar as expectativas para a próxima reunião, como é habitual, a reunião de julho também tem uma probabilidade majoritária de 53% para a manutenção da taxa. No momento atual, as apostas para o primeiro corte de juros estão previstas para setembro, com 46% de probabilidade para esse corte e 30% de probabilidade para a manutenção da taxa. É importante ressaltar que até lá teremos muitos dados para analisar e eventos que podem alterar completamente o cenário novamente. Além disso, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) permanecem divididos: alguns acreditam em apenas um corte este ano, enquanto outros expressaram a visão de que nenhum corte será necessário.
Tensões no Oriente Médio: Impacto nos Mercados
O panorama da semana anterior já estava delineado, com as expectativas de cortes nas taxas de juros americanas adiadas indefinidamente, mas foi na sexta-feira que o alerta do Irã ampliou as preocupações durante o final de semana.
Em resposta a um recente ataque de Israel que resultou na morte de alguns comandantes iranianos de alto escalão, o Irã levantou a possibilidade de um contra-ataque contra Israel durante o final de semana. O Bitcoin, que opera 24 horas por dia, 7 dias por semana, sofreu uma queda de 8%, acumulando uma perda total de 12% desde sexta-feira.
O fato é que o ataque ocorreu e foi o maior ataque com drones da história, com aproximadamente 300 drones enviados para Israel com propósito kamikaze. Felizmente, 99% deles foram interceptados e os danos foram mínimos, apesar do grande susto e medo das possíveis ramificações do problema.
Você pode estar se perguntando por que as bolsas não registraram uma queda significativa, não é mesmo?
A realidade é que a defesa de Israel foi eficaz e os danos foram mínimos. Além disso, os Estados Unidos deixaram claro que não participariam de qualquer tipo de ação ofensiva, reduzindo os riscos geopolíticos globais. Israel, por sua vez, indicou que não seria necessário um contra-ataque imediato e agressivo, optando por uma resposta que se adeque melhor aos seus objetivos no momento, possivelmente incluindo sanções em vez de uma ação militar direta.
Perspectivas para a Semana Atual
Iniciando esta semana, os números das vendas no varejo dos EUA para março superaram as expectativas, registrando um aumento de 1,1% em relação aos 0,5% esperados. Na terça-feira, teremos o discurso de Jerome Powell, presidente do Banco Central americano. Na quarta-feira, serão divulgados os Índices de Preços ao Consumidor (CPI) da Zona do Euro e do Reino Unido. Na quinta-feira, os dados sobre pedidos de seguro-desemprego e vendas de casas nos EUA serão divulgados. Além do calendário econômico, permaneceremos atentos às notícias de última hora, aguardando a resposta de Israel, na esperança de que tudo ocorra bem.
Análise do Mercado de Ouro
O contrato de ouro XAUUSD atingiu um novo pico na sexta-feira, refletindo a intensa busca por proteção nos mercados. Apesar deste pico, houve uma maior pressão de venda, resultando em um fechamento negativo e um retorno a um ponto que indica uma consolidação no topo. A semana começa com um candle de indecisão, cujo fechamento, caso se confirme dessa forma, poderá confirmar uma reversão. Foi desenhado um retângulo de consolidação, juntamente com uma análise de possíveis rompimentos em ambas as direções.
Análise do Par Euro/Dólar
O par EURUSD rompeu o suporte de uma figura gráfica (triângulo descendente) e está se desvalorizando em relação ao dólar americano. Atualmente, encontra-se no topo de uma zona de consolidação anterior e é propenso a retroceder para essa região, especialmente à medida que a Europa sinaliza uma possível redução nas taxas de juros antes dos EUA. Estaremos atentos à quarta-feira, quando serão divulgados os dados de inflação da Europa, os quais têm se mantido dentro das projeções.
Artigo por Marcos Praça, Analista ZERO Markets
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