Desde as tensões no Oriente Médio até as eleições nos EUA, passando pelas disputas entre China e Taiwan e a guerra na Ucrânia, conheça as estratégias de investimento para proteger seus ativos em meio aos riscos geopolíticos atuais.
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Riscos Geopolíticos: Proteja seus Investimentos
Os riscos geopolíticos são vistos como a principal ameaça para os mercados e a economia global este ano. E os maiores perigos potenciais relacionam-se ao conflito no Oriente Médio, às eleições nos EUA, às tensões entre China e Taiwan e à guerra na Ucrânia. Esses pontos críticos poderiam levar a uma combinação de obstrução no fornecimento de petróleo, bloqueio de rotas de navegação, interrupção no fornecimento de chips, uma nova guerra comercial dos EUA e muito mais. E qualquer um desses eventos poderia resultar em maior inflação e menor crescimento econômico.
Historicamente, os investidores recorrem a alguns ativos confiáveis para proteger suas apostas em tempos de incerteza geopolítica: commodities (especialmente petróleo e ouro) e o franco suíço. Títulos indexados à inflação também podem proteger as carteiras contra aumentos de preços.
“Esperar pelo melhor, mas planejar para o pior” é um bom conselho, nos investimentos e na vida. E, com todos os riscos globais existentes, parece ser um conselho especialmente sábio neste momento. Os riscos geopolíticos estão representando, de longe, a maior ameaça para os mercados mundiais e a economia, de acordo com clientes pesquisados pelo Goldman Sachs. Portanto, vale a pena examinar mais de perto alguns dos maiores perigos potenciais e como você pode se proteger contra eles.
Conflito no Oriente Médio
Após mais de três meses de guerra de Israel em Gaza, o Oriente Médio está à beira de um conflito mais amplo que poderia potencialmente obstruir o fornecimento de petróleo, prejudicar o crescimento econômico global e reacender a inflação. Claro, até agora evitamos uma interrupção no fornecimento de energia (e os mercados parecem otimistas de que continuaremos assim), mas essa ameaça é real e poderia se intensificar.
A Bloomberg Economics, por exemplo, estima que em um cenário extremo onde ocorra um conflito direto entre Irã e Israel, um quinto do suprimento global de petróleo, bem como rotas comerciais importantes, poderia estar em risco. Isso poderia elevar os preços do petróleo acima de US$150 o barril, reduzindo cerca de 1 ponto percentual do crescimento econômico global e adicionando 1,2 ponto percentual à inflação global.
Uma rota comercial importante já está sendo impactada pelo conflito. As tensões se intensificaram no Mar Vermelho desde que os EUA e o Reino Unido lançaram ataques aéreos no Iêmen, em resposta a semanas de ataques de militantes a embarcações em uma porta vital para o comércio global. O Mar Vermelho é usado para cerca de 12% do comércio marítimo mundial, e os ataques dos militantes causaram a maior divisão do comércio internacional em décadas, aumentando os custos para transportadores da Ásia para a América do Norte. O custo dos contêineres de transporte da China para o Mar Mediterrâneo, por exemplo, mais que quadruplicou desde o final de novembro. Esses tipos de aumentos não são vistos desde o período de aperto da era pandêmica.
Isso é uma preocupação tão grande quanto um petroleiro, porque os riscos de alta para a inflação decorrentes dos custos de transporte poderiam oferecer aos bancos centrais um novo motivo para manter as taxas de juros altas, aumentando os riscos de recessão no processo. Economistas do JPMorgan, por exemplo, preveem um aumento de 0,7 ponto percentual na inflação de bens globais durante o primeiro semestre deste ano se o emaranhado de navegação persistir.
As Eleições nos EUA
A eleição presidencial dos EUA em novembro, potencialmente apresentando uma revanche entre Joe Biden e Donald Trump, poderia impactar significativamente as dinâmicas globais. Trump, que parece provável de obter a indicação republicana, propôs uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações se for eleito. A medida levaria a custos mais altos para os consumidores americanos e aumentaria a inflação, o que poderia levar a taxas de juros ainda mais altas para combatê-la.
Mas a perspectiva global é onde as coisas podem ficar realmente feias. Se os parceiros comerciais retaliarem da mesma forma, isso poderia perturbar o comércio global, ao mesmo tempo em que reduziria cerca de 0,4% da produção econômica dos EUA, de acordo com a Bloomberg Economics. Portanto, se Trump obtiver a indicação e for eleito, você deve se preparar para renovadas tensões comerciais, especialmente com a Europa e a China, e possíveis mudanças no papel dos EUA na OTAN, uma aliança que ele frequentemente descreveu como um dreno para as finanças dos EUA.
Tensões entre China e Taiwan
As eleições em Taiwan em janeiro resultaram em um terceiro mandato histórico para o Partido Progressista Democrático (PPD) no poder, que foi visto como um rechaço ao governo chinês. O PPD, conhecido por sua postura pró-soberania e rotulado como um grupo “separatista” pelas autoridades chinesas, tem defendido a independência de Taiwan. Assim, sua vitória, que ocorre em meio a níveis já baixos de confiança entre China e Taiwan, poderia potencialmente acender novas tensões nos próximos meses.
O papel crucial de Taiwan na produção global de semicondutores torna o potencial de conflito no Estreito de Taiwan uma grande preocupação para a economia mundial. A probabilidade de guerra pode não ser alta, mas seu impacto poderia ser profundo. A Bloomberg Economics estima que um surto de hostilidades interromperia o fornecimento de chips, bloquearia rotas comerciais e levaria a sanções econômicas, custando até 10% da produção econômica global. Esse tipo de cataclismo realmente superaria o impacto de choques importantes como a crise financeira global e a pandemia de Covid-19.
A Guerra na Ucrânia
O contra-ataque falhado da Ucrânia levou os aliados ocidentais a expressar preocupações sobre o país enfrentar uma derrota, especialmente se a ajuda militar dos EUA diminuir, dando à Rússia uma vantagem potencialmente significativa. Um impasse parece mais provável, porque a história sugere que quanto mais um conflito se arrasta, menos provável é que o agressor alcance uma vitória decisiva.
Os países do leste europeu estão manifestando preocupações crescentes sobre a perspectiva de um fortalecimento militar russo em suas fronteiras e suas possíveis incursões adicionais. E os analistas estão alertando que os EUA podem em breve enfrentar uma escolha difícil: focar em deter a Rússia na Europa ou a China na Ásia. Mas uma vitória russa na Ucrânia poderia desafiar a capacidade dos EUA de se projetarem como um aliado forte e confiável, possivelmente levando a um aumento da instabilidade global e disputas territoriais, como evidenciado pelas recentes tensões entre Venezuela e Guiana.
Como você pode se proteger contra esses riscos?
Historicamente, os investidores recorrem a alguns ativos confiáveis para proteger suas apostas em tempos de incerteza geopolítica: commodities (especialmente petróleo e ouro) e, no mercado de câmbio, o franco suíço.
O aumento das tensões no Oriente Médio poderia representar um grande risco para o fornecimento de petróleo. Lembre-se de que a Bloomberg Economics estima que, em um cenário extremo onde um conflito direto entre Irã e Israel aconteça, um quinto do suprimento global de petróleo poderia estar ameaçado, potencialmente elevando os preços do petróleo acima de US$ 150 o barril. Portanto, uma proteção óbvia contra esse cenário seria investir em petróleo ou até mesmo comprar opções de compra de longo prazo e fora do dinheiro em um ETF de petróleo.
O ouro e o franco suíço, por sua vez, são ambos percebidos como ativos seguros e tendem a se sair bem durante períodos de volatilidade geopolítica, como os que poderiam surgir de tensões crescentes entre China e Taiwan ou um agravamento da guerra na Ucrânia. Além disso, o ouro tem valor intrínseco fundamentado em seu fornecimento limitado, o que significa que ele se torna mais popular quando a inflação está aumentando e corroendo o valor do dinheiro. Isso é importante porque as interrupções no comércio e o aumento dos custos de transporte devido a ataques no Mar Vermelho poderiam elevar a inflação.
Lembrando que tanto petróleo quanto ouro e franco suíço estão disponíveis na ZERO Markets.
Artigo por Marcos Praça, Analista ZERO Markets
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