Resultados positivos do PIB americano levantam dúvidas sobre a necessidade de cortes de juros. Embora a economia pareça forte, preocupações com a inflação persistem. O discurso cauteloso de Jerome Powell aumenta incertezas sobre o próximo movimento do Fed em junho.
Mercado Esfria Apostas para Corte de Juros em Junho pelo Fed
O cenário americano está muito promissor, mas isso nem sempre é um bom sinal. Na semana passada, as especulações começaram a ganhar força na quinta-feira, com o PIB americano do primeiro trimestre vindo acima do esperado. A um primeiro momento, pode parecer um sinal positivo, mas deixou o mercado em alerta, uma vez que uma economia em pleno vapor também sinaliza uma maior dificuldade em baixar a inflação, podendo adiar os planos de cortes de juros. No entanto, ainda tivemos o PCE na sexta-feira, juntamente com um discurso do presidente do Banco Central americano, Jerome Powell.
Em pleno feriado, com as bolsas fechadas, o principal dado de inflação utilizado pelo Fed trouxe um frio na barriga para quem estava posicionado na quinta-feira. O PCE de fevereiro teve uma leve desaceleração e, na base anualizada, ficou em linha, sem surpresas por enquanto, mas deixando os investidores sedentos por novos sinais. Já Powell veio com um discurso mais cauteloso desta vez, abrindo mais incertezas quanto à reunião de junho, onde o mercado aposta que seja feita a primeira correção nos juros dos EUA. Segundo Powell, “Se cortarmos cedo demais, podemos provocar um repique da inflação e não queremos isso. Por outro lado, esperar demais pode trazer riscos à atividade econômica.”
A atividade econômica dos EUA está surpreendendo todas as expectativas, e é difícil de se imaginar uma queda significativa apenas por manter a taxa no nível atual por mais tempo. Tudo indica que, no ritmo em que estamos, caso os próximos dados de inflação não caiam mais do que o projetado, o corte de juros deverá ser adiado.
Semana de Prova Real
Já iniciamos a semana com um importante dado sobre a atividade industrial dos EUA, o PMI. O PMI de março veio acima de 50, mostrando uma atividade econômica industrial em crescimento, somando mais um indicador positivo à força da economia americana. Esses dados robustos estão colocando em xeque o corte de juros em junho, e as apostas no CME já foram reduzidas para 57%, ante 64% na semana passada. Além disso, os contratos longos de juros futuros sofreram uma forte valorização, movimento que torna mais explícitas as apostas do mercado de que os juros permanecerão altos por mais tempo. Como consequência, podemos observar uma forte volatilidade e especulação nos contratos que analisamos aqui na ZERO, como o de ouro (XAUUSD) e o de euro contra o dólar americano (EURUSD).
Para esta semana…
Já abrimos a semana com o PMI nos EUA nesta segunda-feira. Na terça-feira, teremos o CPI da Alemanha e o relatório de emprego JOLTs nos EUA, juntamente com discursos de três membros do FOMC. Na quarta-feira, teremos o CPI na Zona do Euro e no Brasil. Ainda na quarta-feira, teremos o PMI de serviços nos EUA e o discurso de Jerome Powell. E na sexta-feira, o Payroll de março rouba a cena.
Análise do Ouro
O contrato de ouro XAUUSD apresentou uma forte valorização e rompeu a máxima histórica na quinta-feira. Nesta segunda-feira, chegou a subir 1.4%, passando praticamente todo o dia acima do topo anterior. Apesar do vigoroso movimento de alta, não podemos ignorar o pavio deixado no candle do gráfico diário, sinalizando uma possível rejeição de preço. Vamos ficar atentos ao próximo candle, pois um resultado negativo pode indicar um movimento de correção, mesmo que seja no curto prazo.
Análise do Euro/Dólar
O par EURUSD tem sofrido uma forte desvalorização, acompanhando o fluxo de valorização global do dólar americano, impulsionado pela especulação nos contratos longos de juros futuros. Tanto o DXY quanto o EURUSD estão em um ponto de suporte/resistência, podendo apresentar uma correção no meio da semana, à medida que novos dados vão sendo divulgados, o que pode intensificar ambos os movimentos.
Artigo por Marcos Praça, Analista ZERO Markets
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